Primeira Infância - Desenvolvimento Humano
Primeira Infância: Do Nascimento até os três anos de idade.
As primeiras quatro semanas de vida do bebê é denomina de período neonatal, que é a fase de transição entre a dependência intrauterina e a existência independente. As características físicas dos bebês recém-nascidos são bem distintas, incluem uma cabeça grande (em proporção ao restante do corpo) que em média é um 1/4 do corpo e um queixo recuado (que facilita na amamentação). Uma curiosidade sobre o crânio dos neonatos é que ele só estará completamente formado (ossos unidos) por volta do 18º mês. Sabemos que o nascimento é um período muito delicado para o bebê (e mãe), ele vem de uma situação completamente dependente da mãe; a circulação sanguínea, respiração, nutrição, eliminação de resíduos e a regulação da temperatura são realizados através do corpo da mãe e, após o nascimento, os sistemas e funções corporais do bebê devem operar por contra própria.
Desenvolvimento Físico na Primeira Infância:
Nos primeiros meses de vida a criança se desenvolve muito rápido, esse crescimento é rápido e contínuo até os primeiros três anos de vida. Em relação aos outros períodos do desenvolvimento e, em termos de crescimento, esse é o mais rápido. O peso do bebê aos cinco meses praticamente dobra, e com 1 ano de vida mais que triplica.
"A dentição começa a aparecer por volta dos três ou quatro meses, quando o bebê pega tudo o que vê e põe na boca; mas o primeiro dente talvez se manifesta somente entre o quinto e nono mês [..]" (PAPALIA, 2013, p.148).
A nutrição adequada é imprescindível para um crescimento saudável. A alimentação da criança muda rapidamente durante os três primeiros anos de vida. Inicialmente o bebê necessita exclusivamente do leite materno, que pode ser chamado de "o alimento saudável por excelência" porque oferece muitos benefícios aos bebês, porém muitas vezes a alimentação pelo leite materno não é possível; como alternativa de alimentação, a criança deve receber uma fórmula enriquecida com ferro, baseada em leite de vaca ou proteína de soja, e que contenha suplementos de vitaminas e sais minerais para suprir as necessidades da criança. Somente depois de muitos meses de vida a criança pode começar tomar leite de vaca.
O fato da mãe não poder amamentar o bebê não impede de que o momento da alimentação proporcione todo o contato afetuoso e vínculo emocional entre mãe e filho, igual a amamentação através do seio. Alimentar o bebê é um ato emocional e físico, essa ligação pode ocorrer através da alimentação da mamadeira, peito, ou qualquer outra forma assistencial. O que importa durante a alimentação é o afeto e aconchego oferecidos à criança em relação ao método.
Capacidades Sensoriais: No nascimento o bebê já é provido de suas capacidades sensoriais que o ajuda a entender o mundo que o rodeia.
- Tato: Este é o primeiro sentido a se desenvolver e o que amadurece mais rápido. Tende tocar o rosto, próximo a boca, de um bebê e notará que a resposta dele a esse estímulo será de abrir a boca e procurar pelo possível mamilo.
- Olfato e Paladar: Esses sentidos começam a se desenvolver no útero; auxiliando na preferência por odores agradáveis que começa durante a vida intrauterina e se estendo pelo resto da vida.
- Audição: Essa capacidade sensorial já é funcional antes mesmo do nascimento; desde a barriga o bebê responde a certos estímulos auditivos externos, principalmente pela voz materna. Após o nascimento o bebê começa discriminar as diferentes vozes que ouve. É fundamental identificar o mais cedo possível alguma deficiência auditivas pois a audição é fundamental para o desenvolvimento da linguagem.
- Visão: É o sentido menos desenvolvido após o nascimento. Os nervosos ópticos não estão totalmente desenvolvidos assim como as estruturas da retina.
Desenvolvimento Motor: Não precisamos ensinar os recém nascidos as habilidades básicas como engatinhar, andar, agarrar, levantar o pescoço, etc. Eles só precisam de espaço, liberdade, e uma certa proporção de maturidade corporal para verem o que podem fazer. Se os músculos, ossos e o sistema nervoso central estiverem preparados para exercer determina atividade e o ambiente proporcionar a devida oportunidade para a prática e aprendizado, as crianças apresentaram novas habilidades que com toda certeza surpreenderam os adultos.
Nessa fase, cada aprendizado de habilidades simples prepara o bebê para uma nova oportunidade de experiência que proporcionará uma nova aprendizagem; posteriormente essas habilidades simples se combinam em Sistemas de ação que são cada vez mais complexos e permitem um maior controle e interação com o ambiente onde o mesmo está inserido. Sistema de ação: Combinação de habilidades simples em uma outra mais complexa.
Você sabia que quando o recém-nascido responde ao estímulo do mamilo, com movimentos de sucção, tal resposta é um comportamento reflexo?
Esse ato reflexo auxilia o bebê na ingestão de líquidos (ex: Leite Materno), tal função pertence ao sistema nervoso central que ao ser estimulado retorna comandos motores como resposta.
Quais os benefícios do aleitamento materno em relação à alimentação por "leite artificial"?
(As duas tabelas a seguir foram retiradas do livro Desenvolvimento Humano 12ª Ed., p. 149. Vide final do artigo)
Bebês alimentados com leite materno:
- Estão menos propensos a contrair doenças infecciosas como diarreia, infecções respiratórias, otite média e infecções estafilocócicas, bacterianas e do trato urináro.
- Apresentam menor risco de síndrome da morte súbita infantil e de morte pós-neonatal.
- Apresentam menor risco de doença inflamatória intestinal.
- Possuem melhor acuidade visual, desenvolvimento neurológico e saúde cardiovascular de longo prazo, incluindo níveis de colesterol.
- Estão menos propensos a desenvolver obesidade, asma, eczema, diabetes, linfoma, leucemia infantil e doença de Hodgkin.
- Estão menos propensos a apresentar retardo motor ou na linguagem.
Mães que amamentam:
- Recuperam-se mais rapidamente do parto e com menor risco de sangramento pós-parto.
- Estão mais propensas a retornar ao seu peso pré-gestação e menos propensas a desenvolver obesidade de longo prazo.
- Apresentam risco reduzido de anemia e quase nenhum risco de reincidência de gravidez durante a amamentação.
- Declaram sentirem-se mais confiantes e menos ansiosas.
- Estão menos propensas a desenvolver osteoporose e câncer de mama pré-menopáusico.
Acredito ser totalmente relevante essas duas tabelas a cima para o estágio do desenvolvimento abordado nesse artigo. Recomendo fortemente a leitura do livro Desenvolvimento Humano de Diane Papalia pela editora AMGH, ele traz diversas informações complementares ao assunto além de elucidar de forma precisa as nuances do desenvolvimento humano.
Desenvolvimento Cognitivo na Primeira Infância:
Os bebês nascem com a capacidade de aprender com tudo aquilo que podem ver, ouvir, degustar, cheirar e tocar, além de serem capazes (em limitada proporção) de lembrarem o que aprenderam. Apesar da maturação ser um fator limitante, porém, a estimulação externa se faz muito mais importante para o desenvolvimento cognitivo nos bebês.
Para que possamos falar de Desenvolvimento Cognitivo na Primeira Infância, precisamos evocar o nome de Jean Piaget que, além de psicólogo, foi um biólogo e epistemólogo e foi ele quem desenvolveu a teoria cognitiva dos Estágios do Desenvolvimento Cognitivo. Na primeira infância a criança se encontra no estágio sensório-motor (até aproximadamente dois anos) onde ela busca ter controle de suas habilidades motoras e aprender sobre o que a rodeia. Após os dois anos a criança entra no estágio pré-operatório, tal estágio dura até aproximadamente os seis anos. No estágio sensório-motor, os bebês aprendem sobre si mesmos e sobre o mundo mediante a constante interação de suas atividades sensoriais e motoras. Segundo PIAGET (1945) "é nesse período que os bebês passam de seres que respondem por meio de reflexos e comportamentos aleatórios a crianças orientadas para uma meta".
As principais características do estágio sensório-motor segundo Piaget, que vai até aproximadamente dois anos de idade, são:
- Exploração (interação) do ambiente, tanto de forma manual quando visual.
- Aprendizagem por imitação.
- Ações como agarrar, sugar, atirar, bater e chutar.
- A coordenação dessas ações proporciona o surgimento do pensamento.
- A centralização em si mesmos.
Não abordarei sobre o estágio pré-operatório nesse artigo. O mesmo será abordado em um futuro artigo sobre a Segunda Infância, onde melhor se enquadra com o estágio pré-operatório de acordo com a nossa proposta de estudos.
Desenvolvimento da Fala (linguagem): O bebê inicialmente começa emitindo sons que evoluem com o passar do tempo. Tudo começa com o choro, é desse modo que o bebê manifesta suas necessidades e sentimentos, depois evolui para arrulho e balbucio até que, acidentalmente, imita algum som de palavras escutadas. Depois que ele entende sua capacidade de imitação, começa a imitação deliberada que é o domínio daquele som (dentro da sua limitação) e a reprodução do mesmo de acordo com a sua vontade.
Os sons que são emitidos pelos bebês para se comunicarem são conhecidos como fala pré-linguística. No estágio sensório-motor, especificamente a primeira infância, o bebê evolui sua capacidade de reconhecer e entender sons de fala e gestos significativos. Pode acontecer do atraso na fala, e considera-se normal desde que se exclua qualquer deficiência física que impeça a criança de falar; é considerado "normal" pois há crianças que devido a pouco estímulo externo, continuam com sua fala pré-linguística porque, dessa forma, basta para que suas vontades sejam atendidas, não precisa de esforço para que os adultos a entenda.
De forma geral, os bebês aprendem falar por imitação e as primeiras palavras deles começam a aparecer por volta do primeiro ano de vida.
Desenvolvimento Psicossocial na Primeira Infância:
Logo na Primeira Infância começa a aparecer os sinais de personalidade da criança, seu temperamento. Alguns são mais alegres, outros podem se irritar com mais facilidades, alguns podem adorar brincar com outras crianças e outros não. Tudo isso engloba os aspectos iniciais da personalidade da criança.
Emoção: "São as reações subjetivas à experiência e que estão associadas a mudanças fisiológicas e comportamentais" (Papalia, 2013, p. 208). As emoções como tristeza, medo e alegria são elementos básicos da personalidade das pessoas e é na primeira infância que começam se manifestar. Nos é muito fácil perceber quando um recém-nascido está infeliz (por dor, fome, etc), eles agitam as pernas e braços, soltam gritos agudos e enrijecem o corpo. Na primeira infância eles se socializam dando risadas ao contato com outros adultos, ficam em silêncio prestando atenção a voz humana, choram quando precisam de algo. Desde o primeiro turbilhão de estímulos fora do útero a criança começa uma complexa interação com o ambiente, que resultará em um incrível desenvolvimento psicossocial que determinará muitas características subjetivas dela.
Até os 03 meses de idades os bebês estão abertos à estimulação. Demonstram interesse e uma boa dose de curiosidade para tudo que os rodeia. Dos 03 meses até o 06º mês os bebês podem se decepcionar quando algo não sai do jeito que esperavam, podem antecipar certos acontecimentos (expectativa); podem ficar zangados. De 06 meses até os 09 meses podem demonstrar alegria, medo, raiva e surpresa; nesse período começa despertar um lado mais sociável. Do 09º mês até um ano de idade os bebês conseguem demonstrar suas emoções de forma mais clara, há variação no humor (parte subjetiva de sua personalidade), nesse período pode começar surgir as primeiras palavras o que pode ser um estímulo na interação com o meio. Do 12º até o 18º mês o bebê tende em desenvolver um esboço do seu autoconceito, querem se auto afirmar, nesse período começa desenvolver a segurança tendo por base as pessoas próximas, além de terem um pouco mais de autonomia para poderem explorar e interagir o mundo.
É muito interessante quando um bebê, diante do desconhecido, procura uma referência em seu cuidador (lê-se pessoa de confiança para ele) para com a situação. O ato de olhar para o seu cuidador, buscando uma orientação para seu comportamento, chama-se de referênciação social. Nessa referenciação o bebê busca uma compreensão de como agir em uma situação que não é familiar para ele, situação confusa ou ambigua; note que fazemos isso até hoje quando nos defrontamos com uma situação diferente, e buscamos nos indivíduos próximos algo que nos oriente.
Referências:
PAPALIA, E. Diane. FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento Humano. AMGH Editora, 2013.
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