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A Evolução da Escrita na Criança - Vygotsky

 

Para poder falar sobre a evolução da escrita propriamente dita, temos que emoldurar os processos responsáveis por tal façanha. O brincar exercita a função simbólica, a criança que não brinca fica presa “no aqui e no agora”. Veremos como a função simbólica tem uma grande participação nessa evolução. No brincar ela entra no mundo do “se fosse”, ela representa. Esse é um processo básico que distingue o homem dos demais animais. As outras capacidades do tempo, como passado e futuro, se dão através da memória, logo a memória será a capacidade do indivíduo de representar. O representar estará fortemente ligado a capacidade de escrita da criança, veremos, a posteriori, como que o próprio pensamento e linguagem está associado a capacidade representativa da criança.

 

Saiba Mais: Introdução a Teoria de Vygotsky

 

No faz de conta a criança exercita e aprende sobre o seu local e sua presença na sociedade, isso é extremamente importante para ela. Imaginando ela cria regras, regras essas que são preceitos da interação social estabelecida. Mas esse “faz de conta” não é tão raso como parece, ele possui regras muito bem estabelecidas na cabeça da criança. Para que ela brinque e exercite sua capacidade simbólica, a criança precisa de objetos que substituam o objeto original, exemplo: brincar de dirigir um volante requer objetos, ou movimentos, que substituam um volante, um câmbio, um pedal de acelerador, e etc. Note que essa capacidade representativa é muito complexa.

Tal capacidade representativa aparecerá primeiro no corpo (segundo Vygotsky), somente depois a nível de representação mental, ou seja, primeiro vem o gesto e depois vem a imagem. O brinquedo é uma Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), que estimula as capacidades representativas da criança, no brinquedo existe o exercício da vontade e do caráter, ele exercita a relação interpessoal. O brinquedo exercita a regra, a emoção, a relação. Engraçado como um simples tema, “A evolução da Escrita na Criança”, se desdobra para conceitos primevos, é impossível falar da escrita da criança sem pincelar sobre suas capacidades, ou esquemas, que a auxiliaram na habilidade.

 

Nesse ponto é importante distinguir o pensamento de Vygotsky (da qual destina o artigo) para o de Piaget. Vygotsky nos apresenta certas fases da escrita, porém não acredita em estágios porque o mesmo diz que não necessariamente a criança passará por fases fixas, obrigatórias, sequencias e universais. Diferente de Piaget, que acreditará nessa obrigatoriedade, ou seja, a criança só avança se amadureceu num estágio anterior.

 

Vygotsky faz importantes críticas à visão, presente na psicologia e na pedagogia, que considera o aprendizado da escrita apenas como habilidade motora. Ensina-se as crianças a desenhar letras e construir palavras com elas, mas não se ensina a linguagem escrita. Enfatiza-se de tal forma a mecânica de ler o que está escrito que se acaba obscurecendo a linguagem escrita como tal.(VyGOTSKy, 1984. p.119.)

 

Por fim, entende-se que linguagem escrita será não propriamente a escrita formal e sim o próprio desenho que tem por função a representação simbólica de uma palavra, assim como a escrita formal. Logo, a criança inicia sua representação do mundo através dos desenhos de fato, entretanto sua linguagem escrita inicia-se já com certos avanços na linguagem verbal, através do amadurecimento da memória, e é dessa base que os desenhos precisaram para se revelarem ao mundo. Para que isso fique entendido deve-se lembrar dos conceitos de pensamento x linguagem em Vygotsky, onde o primeiro inicia-se com o segundo.

Para Luria (2001), a criança deve agora diferenciar esse signo (rabisco ou marca posicionado) e fazê-lo expressar realmente um conteúdo específico. Sendo assim, a próxima fase é a de diferenciação dos signos primários pelas crianças, através, principalmente, de pictogramas, ou seja, desenhos e representações de idéias. Trata-se da transformação de signos-estímulos em signos-símbolos. Linhas e rabiscos são substituídos por figuras e imagens, e estas dão lugar a signos. Nesta sequência de acontecimentos está todo o caminho do desenvolvimento da escrita, tanto na história da civilização como no desenvolvimento da criança” (LURIA, 2001, p. 161).

Para Luria (2001), a criança deve agora diferenciar esse signo (rabisco ou marca posicionado) e fazê-lo expressar realmente um conteúdo específico. Sendo assim, a próxima fase é a de diferenciação dos signos primários pelas crianças, através, principalmente, de pictogramas, ou seja, desenhos e representações de idéias. Trata-se da transformação de signos-estímulos em signos-símbolos. Linhas e rabiscos são substituídos por figuras e imagens, e estas dão lugar a signos. Nesta sequência de acontecimentos está todo o caminho do desenvolvimento da escrita, tanto na história da civilização como no desenvolvimento da criança” (LURIA, 2001, p. 161).

 

Referências:

LEONTIEV, LÚRIA e VIGOTSKII. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem . São Paulo: Ícone, 2001.

Vygotsky L. S. Sobranie socinenij. Detskaya psichologija. Moscow: Pedagogika, 1984.

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