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Wilhelm Wundt - Quem foi o Pai da Psicologia Moderna?

A primeira etapa da investigação de um fato deve ser uma descrição dos elementos individuais [...] dos quais ele consiste" (Diamond, 1980, p. 85).

Declaração de Wundt

 Wilhelm Maximilian Wundt (1832-1920) foi filósofo, médico e psicólogo. Nascido em 16 de agosto de 1832 em Mannheim, Alemanha, teve uma infância bastante solitária e recheada de fantasias sobre seu futuro como escritor famoso. Filho de pastores luteranos alemães, Wundt não alimentava boas lembranças de seu pai, "lembrava-se de um dia em que o pai fora visitar a escola e dera-lhe uma bofetada no rosto por não prestar atenção ao professor" (Schultz, 2016, p. 67). Ele veio de uma família com forte tradição acadêmica, tradição esta que se justifica com ancestrais intelectualmente renomados em praticamente todas as áreas da época. Não é difícil imaginar a pressão que ele não passara, "parecia que essa extensa linhagem seria interrompida com o jovem Wundt" (Schultz, 2016, p. 68).

Wilhelm Wundt: Filósofo, Médico e Psicólogo | Pai da Psicologia Moderna

Formação de Hilhelm Wundt: A história nos conta que Wundt teve baixo rendimento escola nos primeiros anos. Era uma criança entretida com seus devaneios e passava maior parte do tempo neles do que nos estudos; tal comportamento, mais tarde, será dominado pelo mesmo esforçando-se em desenvolver suas capacidades intelectuais. No segundo ano, a responsabilidade por sua educação passou para as mãos de um assistente de seu pai, um vigário, pelo qual Wundt desenvolve um forte laço afetivo. Quando o vigário foi transferido, para a cidade vizinha, Wundt ficou muito aborrecido e foi autorizado pela família a morar com ele. Sua estadia com seu educador durou até os treze anos de idade, quando regressa para casa para terminar seus estudos formais. Ele se forma com 19 anos de idade e ingressa nos estudos universitários.

Começou estudar medicina em Tubinga e se transferiu para a universidade de Heidelberg, onde estudou fisiologia, anatomia, física e química. Porém ao longo do curso, ficou evidente para Wundt que ele não tinha inclinação alguma para medicina e especializou-se em fisiologia. Foi onde deu oportunidade para que ele conhecesse o fisiologista Johannes Muller (criador da teoria da 'energia nervosa específica', baseado no vitalismo). Estudou durante um semestre na University of Berlin, com Johannes Muller e, após, retornou para à University of Heidelberg e foi onde completou o seu doutorado em 1855.

Vida Acadêmica:

Wundt lecionou fisiologia em Heidelberg entre os anos de 1857 a 1864, foi indicado para ser assistente de laboratório de Hermann von Helmholtz. Tarefa, essa, que detestava e tempo depois acabou abandonando a função. Foi em 1864 que Wundt foi promovido a professor adjunto e permaneceu em Heidelberg por mais dez anos. Mais tarde, Wilhelm Wundt começou a conceber o estudo da psicologia como uma disciplina formal científica, sendo experimental e independente. "Primeiramente sintetizou as ideias no livro intitulado Contributions to the theory of sensory perception [Contribuições para a Teoria da Percepção Sensorial], publicado em partes, entre 1858 e 1862" (Schultz, 2016, p. 68).

Em 1867, Hilhelm Wundt começa a ministrar um curso de psicologia experimental em Heidelberg, sendo esse o primeiro curso de psicologia formal (na área experimental) do mundo. Ele foi um professor muito popular, tanto que houve mais de 600 estudantes matriculados.

A vida em Leipzig:

"Wilhelm Wundt começou a mais longa e importante fase da sua carreira em 1875, ao tornar-se professor de filosofia da University of Leipzig, onde trabalhou durante incríveis 45 anos" (Schultz, 2016, p. 68). Após já instalado em Leipzig, Wundt monta um laboratório de psicologia experimental e lança a revista Philosophical Studies, sendo essa uma publicação oficial do seu novo laboratório e da "nova ciência". É importante destacar que esse não foi o primeiro laboratório de psicologia experimental, tão pouco Wundt foi o precursor desses estudos; Ele já havia instalado um laboratório para conduzir seus estudos inicias em Heidelberg antes de se mudar para Leipzig e, em relação aos estudos da nova psicologia, foi Fechner com sua obra sobre a psicofísica que iniciou os estudos em psicologia experimental, da qual Wundt teve contato. Porém, Wundt é tido como pai da psicologia moderna pelo fato dele ser o promotor dessa nova psicologia, foi ele quem a transformou em disciplina formal acadêmica e merece todo o mérito por isso.

Foi em 1879 que a nova psicologia experimental foi criada tendo como marco a fundação do Laboratório de Psicologia Experimental de Leipzig. Porém sabemos que esse não foi o primeiro laboratório, e é um engano dizer que é por isso que Wundt é o pai da psicologia moderna. Mas então, por que Wundt é o pai da psicologia moderna? Ele ganha esse título pois foi o criador da teoria e dos métodos. A importância atribuída a Wundt não está somente na construção de um laboratório, mas sim no fato de ele ter se transformado no primeiro centro internacional de formação de psicólogos do mundo. " Desde o início de suas atividades como diretor do Laboratório, Wundt orientou e treinou toda uma geração de psicólogos experimentais das mais diversas nacionalidades, que, de volta aos seus países de origem, procuraram fundar novos laboratórios de psicologia com base no Laboratório de Leipzig. Com isso, o perfil do psicólogo experimental constituiu uma das primeiras formas de identidade na formação dos novos psicólogos" (Araújo, 2009). Assim, o laboratório de Leipzig exerceu grande influência no desenvolvimento da psicologia moderna; foi modelo para os novos laboratórios e pesquisas na área. 


"Wundt e seu laboratório de psicologia em Leipzig ficaram conhecidos [...] como uma instituição científica moderna e proeminente que fornecia uma excelente introdução à nova psicologia experimental" (Muhlberger, 2008, p. 169).

Psicologia Cultural (social):

  Hilhelm Wundt investiu pesado para a criação de uma psicologia cultural e escreveu, ao todo, dez volumes intitulados de Cultural Psychology (Psicologia Cultural). Tal obra buscava tratar as várias etapas do desenvolvimento mental humano que se manifestam na linguagem, artes, costumes sociais, lei, moral e nos mitos. Encontramos, nos livros de história da psicologia, uma unanimidade ao dizer que o impacto dessa publicação se deu mais pela divisão que se sucedeu da nova ciência do que pelo conteúdo. O livro Cultural Psychology desencadeou esse novo processo de divisão em duas partes principais: a experimental e a social. Ele acreditava que apenas as funções mentais mais simples, como sensação e percepção, deviam ser estudadas em laboratórios. "No entanto, os processos mentais superiores, como a aprendizagem e a memória, não podiam ser investigados pela experimentação científica por serem condicionados pela linguagem e por outros aspectos culturais" (Schultz, 2016, p. 70). Wundt dedicou incríveis dez anos da sua vida ao desenvolvimento da psicologia cultural.

Veja também: Considerações Sobre a Psicologia Experimental de Wilhelm Wundt!

Wundt e o estudo da experiencia consciente:

O objeto de estudo, para Wundt, está na consciência e para estuda-la ele utilizou os métodos experimentais das ciências naturais. Ele adaptou muitas técnicas empregadas pelos fisiologistas para progredir com sua investigação da nova psicologia. É importante destacarmos que Wundt pensava que a consciência incluía várias partes diferentes e podia ser estudada pela análise ou redução. A consciência, para ele, não era estática e tão pouco se conectavam de forma passiva; A consciência era ativa e organizava seu próprio conteúdo. Logo, "o estudo separado dos elementos, do conteúdo ou da estrutura da consciência proporcionaria apenas o ponto inicial para a compreensão dos processos psicológicos" (Schultz, 2016, p. 71).

Wilhelm Wundt concentrou-se no estudo da própria capacidade de organização da mente, no qual atribuiu o nome de voluntarismo ao seu sistema. A palavra voluntarismo é uma referência à palavra volição, que significa o ato ou força de pensamento superiores. Para ele os psicólogos deveriam dedicar-se ao estudo da experiência imediata; do contrário, a experiência mediata proporciona ao indivíduo informações/conhecimentos de algo além dos elementos de uma experiência. Para ele, ao ver um objeto e dizer sua característica, ex. "o céu é azul", subtende-se que o nosso interesse principal concentra-se no céu e não no fato de percebermos algo denominado "[cor] azul".

Voluntarismo: ideia de que a mente é capaz de organizar o conteúdo mental em processos de pensamento de nível mais elevado. Ele não enfatiza os elementos em si, mas o processo ativo de organização e síntese desses elementos.Experiência mediata e imediata: a experiência mediata oferece informação sobre qualquer coisa, exceto sobre os elementos dessa experiência; a experiência imediata é equilibrada pela interpretação.

Esse artigo continua em O Método de Introspecção de Wundt, confira a continuação desse artigo clicando aqui


Referências:

Araújo, Saulo de Freitas. (2009). Wilhelm Wundt e a fundação do primeiro centro internacional de formação de psicólogos.

Diamond, S. A plea for historical accuracy [Letter to the editor]. Contemporary Psychology, n. 25, p. 84-85, 1980.

Murlberger, A. Spanish Experience with German Psychology prior to World War I. Journal of the History of the Behavioral Sciences, n. 44, p. 161-179, 2008.

Schultz, Duane P; Schultz, Sydney Ellen. História da Psicologia Moderna. 10ª ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016.

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Quinta, 28 Março 2024