By Mazin, G. on Terça-feira, 08 agosto 2023
Category: Psicopatologia

Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade - Diagnóstico, Tratamento e Invertenções Terapêuticas

Descubra o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade em crianças e adolescentes, desde sintomas e diagnóstico até opções de tratamento e horizontes possíveis. Mergulhe fundo rumo a compreensão do TDAH e como ajudar pessoas com esse transtorno. Leia agora e fortaleça seu conhecimento.

As primeiras aparições sobre os distúrbios hipercinéticos que aparecem na literatura médica surgiram durante o século XIX, mas sua terminologia e descrição tem passando por constante mudanças ao longo do tempo. Na década de 1940, o termo "lesão cerebral mínima" foi introduzido, mas em 1962, foi alterado para "disfunção cerebral mínima", reconhecendo que as características da síndrome estavam mais ligadas a disfunções nas vias nervosas do que a lesões diretas. Os sistemas de classificação modernos usados pela psiquiatria, como o CID-10 e o DSM-IV, têm diretrizes diagnósticas semelhantes para o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), embora usem nomenclaturas diferentes. De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), esse transtorno pode ser definido como um termo genérico para descrever um dos distúrbios infantis mais comuns. um detalhe interessante é que esse quadro está incluído em sua totalidade no Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). O Transtorno Hipercinético, segundo o CID-10, é um subtipo de TDAH com características e sequelas mais graves.

Estudos nacionais e internacionais apontam uma prevalência do TDAH entre 3% e 6%, principalmente em crianças em idade escolar. O impacto desse transtorno é significativo, acarretando custos financeiros elevados, estresse nas famílias, prejuízos acadêmicos e vocacionais, além de efeitos negativos na autoestima de crianças e adolescentes. Além disso, o TDAH está associado a um maior risco de desenvolvimento de outros distúrbios psiquiátricos ao longo da vida.

​Sobre o diagnóstico TDAH: quadro clínico

A tríade sintomática clássica do TDAH inclui desatenção, hiperatividade e impulsividade. Independentemente do sistema de classificação utilizado (ex. CID-10/DSM5), crianças com TDAH são facilmente reconhecíveis em ambientes clínicos, escolares e domésticos. Sintomas de desatenção podem ser observados através de dificuldades em prestar atenção a detalhes, cometer erros por descuido em atividades escolares ou de trabalho, problemas em manter a atenção em tarefas, parecem não ouvir quando chamadas, não seguir instruções e não concluir tarefas, desorganização, aversão a tarefas que exijam esforço mental contínuo, perda frequente de objetos e distração por estímulos externos. A hiperatividade se manifesta por agitação das mãos ou pés, sair da cadeira em situações inapropriadas, correr ou escalar em excesso, dificuldade em brincar calmamente, agir como se estivesse sempre em movimento e falar excessivamente. Sintomas impulsivos incluem responder antes das perguntas serem completadas, impaciência em aguardar a vez e intromissão em assuntos alheios. Exemplos esses em seus extremos, entretanto o déficit e atenção e a hiperatividade podem se manifestar de forma brande e ainda assim acarretar em algum tipo de prejuízo.

É importante notar que a desatenção, a hiperatividade ou a impulsividade isoladamente podem resultar de diversos problemas nas interações sociais, sistemas educacionais inadequados ou outras condições psiquiátricas comuns na infância e adolescência. Portanto, para um diagnóstico preciso de TDAH, é crucial considerar o contexto dos sintomas na história de vida da criança/pessoa.

Critérios Diagnósticos

O diagnóstico de TDAH é principalmente clínico, baseado em critérios claros provenientes de sistemas de classificação como o DSM-IV e a CID-10. Os critérios do DSM-IV sugerem a presença de pelo menos seis sintomas de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade. Contudo, para adolescentes e adultos, pode-se considerar uma redução para cinco ou menos sintomas, desde que haja prejuízo funcional. A idade de início dos sintomas causando prejuízo (antes dos 7 anos) é um critério padrão, embora sua validade seja debatida.

O TDAH é dividido em três tipos principais: predominância de sintomas de desatenção, predominância de hiperatividade/impulsividade e tipo combinado. A apresentação clínica pode variar conforme a idade, com sintomas de hiperatividade predominando em crianças mais novas e sintomas de desatenção e impulsividade tornando-se mais evidentes na adolescência. 

Comorbidade: O TDAH é frequentemente acompanhado por comorbidades psiquiátricas, como transtornos de ansiedade, depressão, transtornos de conduta e transtornos do espectro do autismo. A presença de comorbidades pode complicar o diagnóstico e o tratamento do TDAH, tornando essencial uma avaliação abrangente para identificar e abordar todas as necessidades clínicas da criança. O tratamento das comorbidades deve ocorrer em paralelo ao tratamento do TDAH, a fim de alcançar os melhores resultados clínicos e funcionais. Sendo muitas vezes indicado acompanhamentos terapêuticos complementares ao psiquiátrico.

Tratamento não Farmacológico

O tratamento do TDAH não se limita apenas à medicação. Intervenções não farmacológicas também desempenham um papel significativo. A terapia comportamental é uma abordagem amplamente utilizada, com estratégias que visam melhorar as habilidades de organização, gerenciamento de tempo e autorregulação. Além disso, intervenções educacionais, treinamento de pais e terapia cognitivo-comportamental podem ser incorporados para atender às necessidades específicas da criança ou adolescente.

Tratamento Farmacológico

A terapia farmacológica continua sendo uma das abordagens mais eficazes para o tratamento do TDAH. Estimulantes, como metilfenidato e anfetaminas, são frequentemente prescritos. Esses medicamentos aumentam os níveis de neurotransmissores, como a dopamina e a noradrenalina, que estão associados à atenção e ao controle impulsivo. No entanto, a prescrição de estimulantes requer uma avaliação cuidadosa, considerando fatores como histórico médico, risco de abuso e potenciais efeitos colaterais.

Tratamento Personalizado: Cada criança ou adolescente com TDAH é único, e um tratamento eficaz deve ser personalizado de acordo com suas necessidades individuais. Isso requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo profissionais de saúde mental, médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais e educadores. O plano de tratamento deve ser revisado regularmente para ajustar as abordagens conforme o progresso e as mudanças nas necessidades do indivíduo. Indo além até mesmo das técnicas psicológicas cognitivas, terapias existenciais e mentalistas também podem ajudar a criança com seus conflitos internos e sentimentais.

O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade é uma condição neuropsiquiátrica comum que afeta significativamente a vida de crianças e adolescentes. Seu diagnóstico exige uma avaliação abrangente, considerando os sintomas, o histórico clínico e a presença de comorbidades. Tanto o tratamento farmacológico quanto as intervenções não farmacológicas desempenham um papel vital na gestão do TDAH, e a abordagem deve ser adaptada individualmente. Com uma abordagem multidisciplinar e um plano de tratamento bem elaborado, é possível melhorar a qualidade de vida das crianças e adolescentes com TDAH, permitindo-lhes alcançar seu pleno potencial acadêmico, social e emocional.

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