Todo estudante de psicologia que se preze já deve ter ouvido falar do psicólogo americano B. F. Skinner (Burrhus Frederic Skinner), conhecido como precursor do Behaviorismo Radical. Ao longo dos semestres de um curso de psicologia temos oportunidade de conhecer um pouco sobre ele; normalmente estudamos Skinner e seu behaviorismo nas disciplinas de Teorias e Sistemas de Psicologia, Psicologia Geral e Experimental ou em matérias mais específicas sobre behaviorismo. Claro, a nomenclatura poderá mudar de universidade para universidade mas uma coisa é fato: Estudamos behaviorismo no curso de psicologia. E sabe por que? Simplesmente porque o behaviorismo é uma das matrizes psicológicas, isso por si só já explica o porque de sua importância.
Sabemos que Skinner foi muito importante para o movimento Behaviorista americano e que trouxe muitas contribuições para a psicologia, mas você sabia que não foi só a psicologia que foi afetada e teve alguns conceitos "alterados" pelo Skinner? A ciência como um todo também foi afetada pelo trabalho de Skinner. Se hoje temos o estudo do comportamento humano como parte das Ciências Naturais, ou melhor, se temos o conceitos de Ciências Sociais, foi porque lá atras Skinner afirmou e comprovou que o comportamento humano é passivel de estudo. Estudo esse que agrega as características da ciência.
Mas antes que possamos falar em como o Skinner influenciou a ciência, devemos explicar como era a ciência antes dele.
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Ciência até o Século XX:
Para os fins desse artigo, podemos dizer que os objetos de estudo da ciência até o século XX eram os Eventos Naturais; e temos por eventos naturais todo e qualquer evento que possa ser experimentado pelos nossos órgãos dos sentidos.
Sem alegorias, a ciência se preocupava apenas com os fenômenos naturais, da natureza, onde dois ou mais pesquisadores podiam ver, sentir, ou experimentar o evento de forma que pudessem detalhar seus aspectos e até mesmo prever seus acontecimentos. Em outras palavras, o objetivo era estudar a natureza em seus aspectos mais gerais e fundamentais, isso é, o universo como um todo, que é regulado por regras ou leis de origem natural e com validade universal, fazendo-o de forma a focar-se nos aspectos físicos. Estudar tudo que é publicamente observável: clima, universo, física, etc.
Até então não se tinha uma clara ideia do homem enquanto um evento natural porque não havia formas metodológicas para mensurar o comportamento. Outro fator importante é que, na época, o homem era tido como um ser completamente voluntarioso, dotado de uma força de vontade única que era seu próprio livre-arbítrio onde não seria "influenciado" em suas escolhas. No livro Ciência e Comportamento Humano, de Skinner, podemos ver claramente no primeiro capítulo críticas sobre a visão da "ciência" a respeito de uma "ciência do comportamento".
Não é de se espantar, sempre que temos alguma nova proposta que contradiz o pensamento dominante da época há impasse. Só para melhor ilustrar o pensamento, Copérnico enfrentou críticas ao propor o Heliocentrismo (Sol no centro do Sistema Solar) assim como Darwin com sua Teoria da Evolução - através da seleção natural e sexual. Claro que Skinner também enfrentaria críticas sobre sua perspectiva do comportamento humano.
É importante destacar que, nessa época, o comportamento humano era tido como deliberado, espontâneo, responsável. Deve-se ficar claro isso para entender as críticas que Skinner sofreu posteriormente.
Skinner, o estudo do comportamento:
Podemos dizer que o interesse de Skinner estava em trazer os métodos científicos para a psicologia, tornando-a mais objetiva. Agregou a metodologia científica no estudo do comportamento, fazendo com fosse possível o controle e a previsibilidade do comportamento.
Sofreu diversas críticas sobre sua metodologia e teoria. Muitas dessas críticas se dava pela visão espontânea do comportamento - muito comum na época-, por conta disso não poderia ser mensurado; não poderia haver um ciência do comportamento porque o mesmo era imprevisível. Skinner relata uma dessas críticas:
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Se antes a ciência considerava somente o OBSERVÁVEL como um evento natural, hoje, temos fazendo parte das ciências naturais o estudo do comportamento (Behaviorismo). Embora seja experimental, o behaviorismo adapta para a psicologia suas metodologias incluindo eventos observaveis pelo próprio organismo que se comporta e, assim, o sujeito aprende a observar, descrever e analisar as relações entre os eventos que determinam seus comportamentos. Fica claro, dessa forma, como era o pensamento da sociedade ciêntifica até o século XX e como se transformou na metade desse mesmo século.
Foi Skinner que trouxe essa nova possibilidade de se estudar o homem, sugerindo uma reformulação quanto aos campos de estudo da ciência. Embora o foco de estudos das cadeias naturais não recaia sobre o ser humano em específico, é importante ressaltar que, quer para as ciências naturais quer em sua forma abrangente, o ser humano é simplesmente parte integrante da natureza e não algo especial dentro dela, e por tal encontra-se inexoravelmente sujeito às mesmas regras naturais que regem todos os acontecimentos físicos, químicos e biológicos do universo, o qual esse também integra. Logo, temos o estudo do comportamento como uma ciência natural, que trouxe prestígio para a psicologia enquanto ciência e proporcinou uma nova forma de se estudar o ser humano e proporcionar uma melhora na sua vida.
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Referências:
Skinner, Burrhus Frederic. Ciência e Comportamento Humano. 11ª Ed. Martins Editora: 2003.