By Mazin, G. on Sábado, 28 março 2020
Category: Cotidiano

FREUD - Nova série "psicológica" pela Netflix

Como primeira produção austríaco-alemã pela Netflix, Freud aposta na solução de misteriosas mortes que acontecem na antiga Viena. Tendo por enredo uma trama que beira o sobrenatural, a série Freud força o limite da hipnose e procura mostrar a percepção hipnótica pelo ponto de vista da pessoa hipnotizada.

Logo no primeiro episódio nota-se que a série Freud, pela Netflix, pouco busca uma contextualização biográfica e histórica. Muitos personagens fictícios, dramatizações desnecessárias da vida inicial de Freud – na época em que se passa a história Freud já esboçava sua vida como pesquisador –, hipnose metafísica e conceitos que fundamentam a psicanálise muito subliminares. A série do nosso Freud "Holmes" (Robert Finster) procura explorar um nicho que atualmente está em expansão: séries com suspense psicológico e trama ficcional com personagens famosos.

Eu acredito que a série passou longe dos acontecimentos históricos que envolveram Sigmund Freud – propositalmente – e forçou uma hipnose tão exacerbada que beira os fenômenos paranormais. Inicialmente a série me lembrou a ambientação de The Alienist, essa sim uma ótima série e excelente livro, e, se tratando de teoria, a série bagunça um pouco os conceitos psicanalítico e acho que ficaria muito melhor se houvesse uma construção histórica linear dos mesmos. Tudo isso, para os psicanalistas pragmáticos, é motivo para torcer o nariz e olhar a série com maus olhos, e para quem busca puro entretenimento fica uma sensação de que algo está faltando e por vezes se perdendo na "salada que a série apresenta" (como dito por minha amiga, Carol).

"Ah Gabriel, mas a série não tem esse objetivo e ela busca inovar" – Eu até entendo, mas procuro trazer uma crítica mais voltada para nosso meio psicológico e Eu, enquanto eterno estudante da psicanálise, senti que a série deixou a desejar apesar de ter grande potencial. Espero que, caso haja uma nova temporada, a série aprenda com os erros e busque agradar também um outro público. Teve um episódio que até lembrei de uma cena de sexo e forte vínculo emocional entre Jung e Sabina Spielrein do filme Um Método Perigoso, atitude essa altamente condenada por Freud.

Vale a pena assistir a série? Sim!

Destaco que vale a pena, apesar que quem vos escreve não ter gostado muito da mesma. Mas eu acredito que seja porque eu fui com muita expectativa e, talvez, me decepcionei um pouco. Vale a pena para entretenimento se você quer ver o pai da psicanálise na telinha, mesmo que os nomes dos episódios retratem conceitos importantes da epistemologia de Sigmund Freud e há alguns acontecimentos históricos relevantes e verdadeiros não busque interpretar essa série enquanto um documentário e aprender mais sobre psicanálise. Para isso, deixarei a baixo um documentário e filme que procuram se aproximar de fatos históricos e conceitos corretos.

Outro ponto importante para ressaltar e que é digno de elogios é a caracterização da série, os personagens históricos altamente caracterizados, atores muito bem selecionados, e a escolha de fotos originais no setting deu um charme e tanto.

Em meu testemunho digo que foi emocionante poder ver um Freud fictício esboçando o inconsciente, nas palavras de Sigmund Freud (Robert Finster) "[...] Meu consciente é uma luz solitária. Uma vela ao vento. Ela cintila. Ás vezes aqui, ás vezes acolá. Todo o resto está nas sombras, todo o resto está no inconsciente. Mas ainda estão lá. [...] E tudo que vive e perambula dentro de nós está presente. Instinto, desejos e tabus. Pensamentos Proibidos. Memórias que não queremos ver sob a luz, que afastamos da luz. Elas dançam na nossa escuridão. Elas assombram e sussurram. Elas nos assuntam. Elas nos adoecem."

Série Freud disponível da Netflix, assista, recomendo. 

Filme: Um Método Perigoso

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